“Em nosso trabalho a gente consegue fazer algo diferente e a decoração traz essa energia, a arte. A arte é fantástica, então você consegue colocar o equilíbrio ali, por que não? Estudar, eu estudo bastante a frequência das cores, todos os elementais da natureza e de como equilibrá-los, que nem este daqui: madeira com pedra, você trabalha o equilíbrio; a madeira aquece e o cristal refresca, então você junta os dois, equilibra. São pequenos detalhes, pontos que eu gosto bastante. Eu procuro passar um pouco dessas histórias para as peças, ou seja, elas levam uma boa energia para as casas de quem forem”.

      “Quando estou criando as peças, elas conversam comigo. Principalmente peças definidas, troncos de madeira que a natureza define; são peças únicas, e então você precisa conversar com elas. Quando é madeira definida, ou mesmo algo que seja exclusivo que nem os relógios. Eles seguem a mesma ideia, cada relógio é um recorte de madeira. Eu adoro fazer isso, porque há uma energia em cada um, não existe a repetição. Você sempre vai dialogar com ele e estabelecer o que que se encaixa ali e que não atrapalha a marcação das horas; que não atrapalhe a funcionalidade do objeto, mas que o complemente”.

      “As ideias vão surgindo, não existe uma racionalidade envolvida. Existe uma conexão entre você e o objeto. Me parece que vai se juntando a parte lógica e a parte não lógica: você vai encaixando as formas e tudo vai acontecendo. Como nós trabalhamos numa equipe, daí a gente vai trocando algumas ideias. Sou a que mais procura preencher os espaços vazios, já o Germano e a Andressa são preferem as peças com menos elementos”.

      “Com relação ao reaproveitamento de objetos e de coisas que não têm mais utilidade, como peças antigas, em primeiro lugar você precisa limpar a peça: fisicamente e energeticamente. Isso porque ela já trouxe uma história, e essa história pode ser fantástica e a energia fica, ou a história não foi tão boa, daí você precisa neutralizá-la; porque ela vai pra casa de outra pessoa. Então sempre que é uma peça para restauração você tem que cuidar disso: precisa limpar esse campo para deixar zerado pra outra família. A restauração sempre tem esse processo, e por isso, tem que ver se vale a pena, pois isso tem um alto custo: você tem que colocar na balança para ver se vale a pena o investimento”.

      “O Bauermalerei além de trazer um colorido, traz uma energia de alegria que é a essência dele. Para Treze Tílias se integra bem porque muitos trabalhos são feitos em madeira, e a cidade já tem uma característica de utilizar madeira na arquitetura e nos objetos. Nesse sentido, o Bauer acaba contribuindo positivamente com a arte predominante, porque no caso daqui a escultura já é muito difundida, então o colorido casa muito bem com a pintura. São dois pontos que se unem muito bem”.

      “É interessante que nunca fui muito apegada aos trabalhos prontos. Não tenho essa sensação de apego, adoro quando as pessoas se identificam com o que eu faço. Fico muito feliz quando alguém gosta e leva o trabalho consigo.”

“A Edelweiss, original dos Alpes europeus nasce em rochas, em geral a uma altitude entre 1.700 e 3.400 metros acima do nível do mar. A Edelweiss ficou conhecida no mundo por causa da música, e é considerada verdadeira flor do amor, pois alguém arriscou sua própria vida, escalando montanhas para colhê-la. Ela não murcha e não morre, e permanece igual por mais de 100 anos. É por isso que só presenteamos Edelweiss a alguém muito especial.”

O que dizer das passagens onde Platão afirma, contrariamente ao que diz sobre outros pontos de vista e à posição que imputamos a toda ontologia tradicional, que há criação (poiésis) e que esta é “causa do encaminhamento do não ser ao ser”, o que “conduz um não-ente anterior a uma “estância” (ousia) ulterior”?... Platão observa que se costuma restringir indevidamente os termos “criador” e “criação” (poiétés, poiésis ) ao que é apenas uma parte da “poiética” (a que concerne à “música e à matéria”), quando todo trabalho sujeito a uma arte (techné) é a bem dizer “poiético”, e os artesãos que o realizam são todos “criadores” - poiétai. Mas em que consiste este trabalho, e o que é uma techné? Em que é um artesão um artesão, e como tal criador? Na medida em que dá a um pedaço informe de matéria, sua forma, seu eidos (e aqui podemos utilizar indiferentemente a linguagem de Platão ou de Aristóteles, porque Aristóteles, a este respeito apenas precisa e desenvolve ao extremo o pensamento de Platão). É este eidos, esta forma que faz com que a madeira seja a mesa, o bronze estátua, a terá o vaso. Ora, o bronze é bronze qualquer que seja sua forma. Mas a estátua só é estátua, como estátua, por sua forma; seu ser-estátua, sua essência, é seu eidos. Dizer, portanto, que criamos a estátua (ontologicamente) só tem sentido se dizemos (o que é verdade, pelo menos para o escultor que não copia ou dessa) que criamos o eidos desta estátua, que criamos eidos. Só fazemos ser a estátua como estátua e como esta estátua se inventamos, imaginamos, se estabelecemos a partir de nada, seu eidos; se imprimimos a um pedaço de bronze um eidos já dado, só fazemos repetir o que, essencialmente, enquanto essência-eidos, já estava aí, não criamos nada, imitamos, produzimos. Inversamente, se “fabricamos” um outro eidos, fazemos mais do que “produzir”, criamos

Entre emigrar e imigrar há um oceano de mar, de barreiras, de diferentes códigos, temperaturas, línguas, costumes, modos de ser. Atravessar este oceano não é fácil, não basta o navio chegar, nem o trem conduzir até a acomodação temporária. Enraizar-se novamente pode ou não ocorrer.

A questão transgeracional remete não apenas ao passado, mas também ao futuro, na medida em que se põe em devir em direção ao que ainda não é, pelo ser humano carregar potencialidades de ser. Novamente aí aparece a necessidade de compreendermos paradoxalmente a condição humana, no humano e para além dele. Nos objetos étnicos há um tipo específico de objeto transicional, na medida em que são objetos que fazem conexão da pessoa com sua etnia: presença de si, presença dos ancestrais, dos outros, reconectando a pessoa com sua origem.

A noção de identidade tem um longo percurso no campo das ciências sociais e da psicologia e aqui interessa registrar sua conjunção com etnicidade. Weber (1991) foi um dos primeiros cientistas sociais a agregar a consciência étnica à experiência da migração, assinalando seu sentido de pertencimento a uma comunidade ou coletividade, sem naturalizar a simbólica diferença. Isso remete à discussão posterior sobre identidade étnica, tratada como uma construção social que produz efeitos na vida de indivíduos e coletividades. Há várias maneiras de pensar a etnicidade - inclusive analiticamente - mas julgo mais útil (para a finalidade aqui proposta) reter apenas uma das suas múltiplas facetas: aquela que diz respeito às formas de representação e ação que dão suporte à identidade étnica através da percepção da distintividade cultural. Essa identidade é coletiva, supondo o reconhecimento da pertença a um grupo ou coletividade, e individual, porque significa a pessoa na sociedade. A identidade, assim como a memória, não pode ser inteiramente desapegada da realidade objetiva que lhe serve de base. Daí a necessária referência inicial à formação das etnicidades no contexto da colonização.

”De Platão a Kant, filósofos tentaram capturar a peculiar maneira com a qual a beleza nos comove, como um súbito raio de sol, ou o ímpeto do amor. Para Platão, a única explicação de tal experiência, era sua origem transcendente, que nos atinge, como a voz de Deus. E Kant também, de uma maneira muito mais sóbria, crê que experienciar a beleza nos conecta com o mistério máximo da existência. Através da beleza somos trazidos à presença do sagrado.” (Tradução conforme legenda do vídeo para o Português).