Tão presentes em nossas conversas, relembro palavras de Bachelard: “É necessário que uma causa sentimental, uma causa do coração se torne uma causa formal para que a obra tenha a variedade do verbo, a vida cambiante da luz” ... “Acreditamos, pois, que uma doutrina filosófica da imaginação deve antes de tudo estudar as relações da causalidade material com a causalidade formal. Esse problema se coloca tanto para o poeta como para o escultor. As imagens poéticas têm, também elas, uma matéria.”

           Inicialmente Ingrid também trabalhou com cerâmica e argila, mas com o tempo optou pelos trabalhos em madeira. Seguindo a tradição familiar, suas esculturas transitam entre o religioso, com crucifixos, anjos, santos, Vias Sacras, e o feminino onde ela explora o universo das mulheres. Suas "Mulheres" expressam um olhar refinado sobre a estética feminina: as formas, a beleza, a elegância, os estilos; e fazem parte de uma obra autoral que a escultora desenvolve permanentemente. Nas palavras da escultora: “Minhas ‘Mulheres’ são variações do mesmo tema... São figuras geralmente esguias. Eu gosto de trabalhar a beleza da mulher, o feminino, a expressão do olhar dela. Gosto muito de enfatizar a parte do pescoço e da clavícula. Eu acho tão bonito quando aparece isso na mulher, quando ela tem essa parte dos ossos salientes ... aí o que eu acho bonito nas mulheres eu gosto de enfatizar nas esculturas. Gosto muito de fazer de corpo inteiro. Elas são como mulheres que estão prontas pra sair, pra ir numa festa, um evento social, são mulheres que estão produzidas...”.

           Pincéis, tintas e cores também fazem parte do dia a dia de Ingrid em obras que ela também desenvolve permanentemente, como a Santa Catarina de Alexandria e a heroína Anita Garibaldi. No cotidiano ela integra a convivência com as filhas, a família e seus animais de estimação. Um mundo onde a arte da escultura permanece como uma tradição que vem do seu avô Andrä Thaler, que além de esculpir, também pintava. Seu pai Gotfredo Thaler foi um escultor de obras religiosas de grande vulto, e que hoje em dia adornam igrejas e muitos outros recantos do Brasil e do exterior. Sua irmã Ellen se dedica a esculpir obras religiosas de grande beleza e ricas em detalhes, e sua filha Maitê já ensaia os primeiros passos desenvolvendo pequenas esculturas em nó de pinho.

           Nascida em Treze Tílias em 15 de janeiro de 1976, Ingrid Thaler iniciou o aprendizado da arte da escultura aos 11 anos de idade com o seu pai. Entre os anos de 1995 e 1996 frequentou durante um ano a Escola de Escultura em Madeira em St. Jakob, Ahrntal, no Tirol do Sul, Itália. Formou-se em 2001 como Bacharel em Artes Plásticas, com opção em Escultura e Cerâmica, na Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC. É também autora do livro "A obra escultórica de Gotfredo Thaler - marcas de um vida", 2003, escrito a partir do seu trabalho de conclusão do curso universitário. Desde 2001 trabalha como escultora em seu atelier em Treze Tílias, Santa Catarina; e além da Arte, possui uma vida dedicada à cultura. Atualmente tem ministrado cursos escultura e entalhe em madeira na Associação dos Artistas e Artesãos em Madeira (Amade) em Pomerode, SC.

           No vídeo de 25 minutos a seguir, Ingrid nos mostra um pouco do seu trabalho como escultora: tradição, experiências, impressões e reflexões acerca do ofício que exerce: