De acordo com Souza:

          ”Em Treze Tílias, a principal marca de memória social é o castelo onde Thaler viveu e que tornou-se um museu, o Museu Municipal Ministro Andreas Thaler. A privilegiada posição topográfica e geográfica desse museu na cidade e sua arquitetura expressiva sintetizam bem a oportunidade de aliar turismo e memória construída ao redor desse castelo.”

          Ao longo do tempo, além de ser a moradia da família do fundador, o Castelinho passou por algumas utilizações, mas desde 2002 abriga o Museu Municipal. Por seu valor artístico, histórico e cultural, em 2013 por meio da Lei nº 1778, o Prefeito Municipal designou o tombamento do imóvel.

          O Museu é ponto de visitação obrigatório para turistas nacionais e internacionais, e recebe por ano mais de 17.000 visitantes; sendo considerado uma referência na região Oeste do Estado de Santa Catarina. Os ambientes retratam a vida nos anos 1930-1940, e encerram em seu acervo mais de 1.000 itens distribuídos entre: objetos de arte, fotografias, instrumentos, utensílios e móveis que remetem à história, cultura, hábitos e costumes da época da colonização da cidade. É também um espaço para outras atividades artísticas e histórico-culturais.

          Destacamos neste trabalho o seu acervo pictórico. O Museu Andreas Thaler apresenta obras relacionadas basicamente às décadas de 1930 a 1950. Imortalizam personalidades históricas, paisagens, religiosidade e decorativas demonstrando, entre outras, as técnicas conhecidas e utilizadas na época em que foram pintadas, os estilos dos artistas, os sentimentos, os valores; mas mais do que tudo: o imaginário coletivo de um tempo, no caso, o tempo fundante da cidade de Treze Tílias. No final de janeiro de 2020, a Curadora Sra. Brigite Moser Falchetti, abriu as portas do Museu para que pudéssemos revisitar e registrar a essa coleção de obras de arte. Os pintores com maior número de obras são:
   - Karl Neumayer, imigrante austríaco nascido em Viena em 1922. Emigrou em 1937. No Museu suas pinturas à óleo retratam personalidades da época da colonização da cidade. Neumayer foi também o autor das pinturas existentes na Igreja da Linha Pinhal em Treze Tílias.
   - Friedrich Flachsel, imigrante austríaco nascido em Linz em 1898. Emigrou em 1935. Na Áustria atuava como pintor de porcelana, e em Treze Tílias, além das atividades do dia a dia, nas horas de folga se dedicava à pintura. No acervo do Museu constam de sua autoria pinturas à óleo de personalidades da época da imigração, e uma obra de grande formato de 1936 com uma vista panorâmica da região central de Treze Tílias.
   - Andrä Thaler, imigrante austríaco nascido em Oberau, Wildschönau, em 1914. Filho mais velho de Andreas Thaler, emigrou em 1933 junto com sua família. Tinha como hobby a pintura e a fotografia. No acervo do Museu constam pinturas à óleo de paisagens da Áustria e de Treze Tílias, assim como, um Sagrado Coração de Jesus.

          De acordo com o ICOM - International Council of Museums, a definição de museu é: “O museu é uma instituição sem fins lucrativos, permanente, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, pesquisa, comunica e expõe o patrimônio tangível e imaterial da humanidade e do seu meio ambiente para fins educativos, estudo e diversão.” Em maior ou menor ordem, nesse conceito se situam os mais diversos museus do mundo, cada um deles dentro do seu universo.

          Tenho a percepção de que o aspecto simbólico também possa ser considerado neste momento. Me refiro ao fato de que o museu, como um dos “guardiões” da memória e da identidade social, acaba se configurando como um ente vivo dentro da sociedade; que, dentre suas inúmeras atribuições, versa sobre temas de interesse individual e/ou coletivo por meio dos elementos que o compõe. Ou seja, é uma permanente porta a ser aberta para acesso a uma outra dimensão: pretérita, presente e/ou futura. Um lugar onde a materialidade é capaz de nos remeter a um outro espaço-tempo: daquilo que já fomos, daquilo que já foi, e sem os quais não seríamos ou estaríamos onde estamos. Nos mostra, portanto, o hiato temporal existente entre a origem e o hoje. E dessa forma, demonstra a direção histórica à qual estamos submetidos e para onde ela está nos apontando para o futuro: o que éramos, o que somos e o que possivelmente seremos.

          O museu é também uma espécie de “espelho” onde vemos projetado, não exatamente aquilo que somos, mas aquilo que trazemos da sociedade e da cultura que estamos inseridos: tanto consciente, quanto inconsciente.

          Uma visita ao acervo de peças originais de um museu histórico é sempre uma possibilidade ritual de, através de transposições no tempo, verdadeiramente vivenciarmos as inúmeras dimensões da nossa existência: daquele que existiu, daquele que passou e daquele que provavelmente passará; e inclusive percebermos o quanto daquilo que somos está refletido ali, e no sentido oposto, o quanto daquilo que ali está temos refletido em nós.

          Que estas breves reflexões toquem a cada um de nós a respeito da vida, e de qual é o nosso lugar e tempo: que fazemos parte de um todo maior, que somos peças de uma grande engrenagem que constrói uma outra grande obra: a obra divina! Que tenhamos sempre muito orgulho de nossas origens, sem perder de vista aquilo que também estamos originando.

          Visitem os museus e mergulhem nessa experiência, certamente sua vida será muito mais rica e criativa.

          Agradeço à Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio, em especial a Secretária Sra. Dirlei Barbieri Rofner, e a Diretoria de Cultura e Turismo, a Diretora Sra. Daiane Zamboni Rofner pelas contribuições para a realização deste trabalho, inclusive pela autorização de divulgação das fotografias das obras de arte apresentadas nesta Exposição Virtual.

          Dedico este trabalho à amiga Brigite Moser Falchetti, por sua determinação frente os temas relacionados às influências culturais e históricas da imigração austríaca na cidade de Treze Tílias, bem como, pelo comprometimento que teve na preservação do Museu Andreas Thaler, durante o período que esteve à frente da Curadoria do órgão. Desejo ainda, a sua plena recuperação de saúde. Que Deus esteja sempre a iluminar teu caminho!

          Ofereço este trabalho aos trezetilienses, por sua tão bem preservada história. Que seja fomento às novas gerações.